“Inovações nos métodos de ensino” – por Natanael Zanatta
A era da informática e da internet trouxe ferramentas de acesso e conteúdos em abundância. Nunca, na história humana, se fez tanto, se produziu tanto, se consumiu tanto. Dizem muitos estudiosos que nos dias de hoje, uma criança de 6 (seis) anos tem acesso a mais informações e dados que um Imperador Romano. No entanto, é necessário cuidado extremo na escolha de conteúdos e atividades que envolvam principalmente acesso a diversas mídias.
O cuidado é necessário pelo fato de, além de se encontrar materiais preciosos, estarem disponíveis conteúdos que possuem grande capacidade de distração. Ou seja: a infinidade de conteúdos não é garantia de aprendizado e nem de inteligência. Há o desafio de classificação, separação de conteúdos por utilidade. Abra a página de um portal de notícias para ver informações econômicas postadas ao lado do último divórcio de um artista famoso; veja a mais recente descoberta científica logo abaixo da nova contratação de um clube de futebol europeu. Que fique claro, querido leitor: não estou falando em qualidade de conteúdo, que artigos científicos sejam melhores / piores que notícias sobre futebol; digo, apenas, que há momentos determinados para que sejam lidos artigos científicos, e há outros momentos para leitura de notícias sobre esportes.
Mas seguindo no raciocínio lá do início, vamos lembrar de fato ocorrido há pouco mais de um ano, e que qualquer educador, seja de nível fundamental, seja de nível superior. Os processos educativos brasileiros tiveram grande afetação por conta de um jogo: Pokemon Go. Nele, se utilizava a chamada “realidade aumentada”, e em que os jogadores caminham pelo mundo real para caçar monstrinhos virtuais. Quem não se lembra da febre?. Como impedir que alunos saíssem das aulas para “caçar Pokemón”?
Quando se é difícil lutar contra um determinado problema, a criatividade apresenta bons caminhos. Um professor (Bruno Bragança), do Espírito Santo, ao invés de proibir ou guerrear contra o jogo, criou uma maneira de conciliar o game com a aula que ele estava preparando. O que ele fez? Já que a lógica do jogo era caminhar para caçar Pokemons, o professor levou os alunos para visitar pontos e locais históricos do município de Vitória, os quais estavam ligados aos “locais de caça” do jogo. A alternativa virou notícia, pois a inspiração do Educador acabou por tornar prazerosa uma aula que poderia ter sido apenas mais uma.
No exemplo comentado, se pode notar algo muito interessante: o professor “criou” o ambiente ideal para o aprendizado. Pense no choque de realidades: os alunos, portando smartphones de última geração, “caçando” monstrinhos virtuais em construção do Século XVI.
O ambiente mais adequado e interessante para o aprendizado é aquele que desafia o aluno; que o tira do lugar de conforto diário e de tédio permanente que uma sala de aula pode representar; que congrega os vários recursos e necessidades existentes; que areja a mente e a alma.
A conquista de realidades assim se dá com a atualização constante, pesquisa habitual de novos recursos, assunção de mais habilidades, dinamismo na execução, e muita experimentação (tentativa e erro). Se pode fazer uma aula cantada, com apenas um violão ou com a ajuda de uma banda de rock do bairro em que a escola está situada. O ambiente de ensino mais interessante é aquele que deixa o professor entusiasmado, e que vai entusiasmando o aluno. Em uma constante troca, ambos alimentam as expectativas e satisfazem-se uns aos outros.
Natanael Zanatta: Advogado Trabalhista, palestrante e professor da Escola de Educação Profissional Lume.